Greve por actualizações salariais justas

Adesão quase total no <i>Marriott</i>

Por actualizações salariais justas e contra a ameaça de despedimentos, 98 por cento dos trabalhadores do hotel Marriott, em Lisboa, cumpriram uma greve, dia 8, e já agendaram outra para dia 18.
«Os bares do hotel estiveram fechados, os porteiros não estiveram de serviço, alguns funcionários do departamento comercial desempenharam funções de bagageiros e os directores foram servir pequenos-almoços, inclusivamente os administradores, alguns deles não apareciam no hotel há mais de um ano», revelou o representante da Comissão de Trabalhadores, António Martinho, salientando o êxito desta luta.
Em causa está, essencialmente, a revisão salarial, «que marca passo desde Outubro, e cuja última proposta da administração, considerada insuficiente pelos trabalhadores, foi de 21 euros para cada funcionário», explicou, também ao Avante!, Rudolfo Caseiro, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Sul.
Segundo o membro da CT, «a administração fez saber que só aceitaria um aumento salarial maior se os trabalhadores concordassem com a apresentação de uma lista de funcionários a despedir, proposta que foi uma verdadeira provocação». Além disso, «ameaçou não proceder a qualquer aumento de salários caso a luta continuasse, o que levou os trabalhadores a convocarem esta greve», esclareceu.
Para precaver o dia da paralisação, «a administração tinha contratado 75 trabalhadores, para substituir os funcionários em luta, um dia depois de o plenário de 29 de Abril ter aprovado a greve, o que é ilegal».
«Mas a luta teve uma dimensão tão grande que, consciente da ilegalidade que seria substituir trabalhadores em greve, e perante a pressão do piquete de greve, a administração foi impedida de os pôr ao serviço», recordou Rudolfo Caseiro.
A administração também «usou e abusou», no dia do protesto, de três jovens estudantes de hotelaria, em formação naquela unidade, utilizando-os para todo o tipo de tarefas, normalmente desempenhadas pelos trabalhadores do quadro, revelou António Martinho.
No hotel, os piquetes de greve distribuíram um comunicado aos clientes explicando as razões da luta, e «que foi muito bem recebido», considerou.
Porque estava prevista, para anteontem, uma visita dos administradores da multinacional norte-americana à sua sucursal em Lisboa, os trabalhadores decidiram, no plenário de dia 8, suspender a luta, por agora. Durante a visita, os administradores serão sensibilizados, por via de um carro de som e de um comunicado, em inglês e português, para que dêem resposta às suas justas reivindicações.
A decisão da suspensão do protesto, quase totalmente silenciado na comunicação social dominante, foi tomada «porque os trabalhadores consideraram que a administração está a tentar forçar o prolongamento da luta, para desgastar», explicou Rudolfo Caseiro, acrescentando que para garantir a sua continuação, foi agendada nova greve para dia 18.


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